Por Celso Alonso - Diário de Notícias DF
Num encontro recheado de surpresas, jornalista da TV Globo tenta lacrar com o presidente norte-americano e toma uma investida, causado desconforto ao presidente Lula que teve que ouvir Trump elogiar Bolsonaro calado
Arte Metrópoles
“Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era direto, mas ele passou por muita coisa” - Donald Trump
BRASÍLIA - Durante uma coletiva de imprensa em Kuala Lumpur, na Malásia, neste domingo (26), o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, respondeu de forma direta a uma pergunta feita pela jornalista Raquel Krähenbühl, da TV Globo, ao ser questionado sobre a relação de Trump com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
O episódio ocorreu em meio a uma série de críticas ao Palácio do Planalto por limitar o acesso da imprensa a eventos oficiais e restringir o número de repórteres em coberturas do presidente.
Ao ser informado que um jornalista questionava se Trump tratava da situação de Bolsonaro com Lula, Trump respondeu com firmeza: “Não é da sua conta”. A postura de Trump, mostrou clara defesa ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e uma resistência às pressões externas, foi interpretada como uma demonstração de postura firme e de defesa de seus aliados políticos. A declaração foi dada pouco antes do início da reunião bilateral entre Trump e Lula, que durou cerca de 50 minutos e ocorreu de forma reservada após a saída da imprensa.
O comentário arrancou risadas de alguns presentes, mas gerou visível desconforto em Lula, que, segundos depois, interrompeu os jornalistas e pediu o fim das perguntas.
Foto - Reprodução Internet
Antes do encerramento da coletiva, Trump ainda fez menção a Bolsonaro, dizendo que sempre teve boa relação com o ex-presidente brasileiro. “Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era direto, mas ele passou por muita coisa”, afirmou.
Essas declarações reforçaram ainda mais o alinhamento de Trump com Bolsonaro e sua postura de não aceitar interferências externas em questões de política brasileira, deixando Luiz Inácio Lula da Silva num misto de risos escondidos no canto da boca e olhar perdido, visivelmente demonstrando incomodo com a postura de Trump naquele momento. Foi desmontando naquele momento, qualquer intensão de Lula partir em defesa a ministros do STF que foram sancionados ou impedidos de ingressar nos EUA, bem como de desmerecer Bolsonaro para o presidente americano, conforme fora mencionado por correligionários de Lula, ao que seria um dos temas do encontro.
“Queria sugerir que vocês fizessem a entrevista depois da reunião. Nós temos pouco tempo e daqui a pouco o tempo se perdeu porque nós ficamos falando com vocês”, disse o presidente brasileiro, tentando encerrar a interação com a imprensa.
O episódio repercutiu internacionalmente por evidenciar o contraste entre a comunicação direta de Trump e o protocolo diplomático de Lula, num encontro que buscava reaproximação institucional entre os dois países.
A resposta de Trump ao jornalista da Globo foi vista por muitos como uma atitude de enaltecimento à postura de Bolsonaro e uma exclusão às críticas que tentam deslegitimar líderes aliados, reforçando uma postura de liderança e defesa. Sua postura, apesar de polêmica, também serve de exemplo de como uma figura de grande influência mundial se posiciona com firmeza diante de questionamentos que tentam limitar a liberdade de expressão e a autonomia de líderes nacionais.
A coletiva terminou sem novas perguntas — e, apesar de Lula ter sugerido que as entrevistas continuariam após o encontro, a coletiva prometida não ocorreu.
O contraste de postura entre os dois líderes chamou a atenção de jornalistas estrangeiros e analistas políticos. Enquanto Trump respondeu às perguntas com naturalidade, ainda que em tom ríspido, Lula demonstrou incômodo e pressa para encerrar o contato com a imprensa, reforçando o perfil de quem prefere eventos mais controlados e com perguntas previamente selecionadas.
Veja:
